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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Jadepunk - Um incrível jogo Movido pelo FATE

 Não faço resenhas há muito tempo, aqui no Blog, mas senti que precisava, desta vez. Estou talvez uma década atrasado com relação ao tema, mas isso também não importa muito, afinal, jogos, como os livros que os carregam, só envelhecem o quanto lhes permitimos - pelo menos, durante o tempo de nossas vidas, um dia a entropia há de vencer, é verdade. Mas a ideia do jogo, bem, essa só sumirá se a comunidade de jogadores o esquecer, certo?

Então, já está dada a validade à matéria. Quero agora lhes falar sobre minha mais recente fissura no hobby do RPG: Jadepunk. Movido pelo sistema FATE, foi trazido ao Brasil pela editora Pensamento Coletivo. Vejamos em detalhes:

Cenário

Jadepunk é um RPG ambientado em um mundo fictício, focado numa metrópole chamada Kausao, uma cidade abarrotada de pessoas, poluída, tomada por corrupção e criminalidade, governada por um Governador e um Conselho opressores, dos quais advêm leis rígidas que favorecem aos poucos ricos e enfraquecem as chances da classe trabalhador ascender e melhorar sua qualidade de vida.

A tecnologia desse mundo equivale ao nosso mundo no final do século XIX, com fortes modificações trazidas pela visão do gênero ficcional Steampunk. Contudo, não existem a eletricidade como usada na Terra, nem a adoção dos combustíveis fósseis e da pólvora; em vez disso, existe nesse mundo uma variedade de pedras de jade místicas que, depois de extraídas e refinadas na marcante indústria local, adquirem um sem número de finalidades, incluindo mover veículos, prover sistemas de energia e comunicação, criar armas brancas e de fogo e até mesmo curar doenças - para quem puder pagar.

Esteticamente, o mundo de Jadepunk é inspirado nas nações do oriente da Terra em seus períodos mais clássicos, como o Japão da era dos samurais e a China antiga, trazendo também à tona as mudanças visuais que a tecnologia steampunk carrega. A cidade está coberta de fumaça, os rios tomados por rejeitos das indústrias, os céus exibem máquinas voadoras que se assemelham a navios e zepelins.

O mundo vivencia uma era de conflitos. A esperança contra o desespero, a bondade contra a crueldade, a justiça contra a corrupção. Uma grande associação difusa e praticamente informal de  organizações secretas e subversivas se põe contra o governo, formada por heróis e anti-heróis de várias origens, tanto nativos da cidade, quanto vindos das grandes nações do mundo - a Jianghu. Essa rebelião toma cada vez mais força e gera expectativa no povo humilde e sofrido de que o futuro seja melhor, muito embora criminosos estejam se infiltrando na organização, causando conflitos internos e dificultando a tarefa dos verdadeiros guerreiros da liberdade.



Regras

O sistema de jogo de Jadepunk tem suas raízes na versão básica do FATE, mas, segundo pude compreender (pois não sou ainda muito entendido de FATE), algumas modificações foram inseridas. Acho que fez ele um pouco mais "emulador do gênero proposto" e, talvez, mais simples de aprender.

Os personagens são feitos de Aspectos, frases que dizem verdades importantes sobre eles, divididos em cinco tipos: Representação, Antecedente, Incidente Incitador, Crença e Problema. Eles também têm uma pirâmide de qualificações (valores de +0 a +3) nas seis Profissões, que são como Perícias bem abrangentes, ou áreas de atuação. Ainda, tem-se o valor de Recarga, que indica o mínimo de Pontos de Destino com os quais cada personagem pode começar uma sessão de jogo. Esse valor pode variar, conforme o número e poder dos Recursos que o jogador pode escolher, em troca desses pontos. Por sua vez, os Recursos são os Aliados, Dispositivos e Técnicas (especializações, ou manobras especiais, que o personagem pode aprender). A ficha se completa com os marcadores de Estresse e Consequências.

Quando testes são necessários para a realização de alguma ação, é preciso escolher, dentro dos 4 tipos de Ações padrão (Criar Vantagem, Superar, Atacar ou Defender) aquela que melhor representa o intento do jogador. Rola-se, então, quatro dados Fudge/Fate, que são dados de seis lados marcados com símbolos "-", "+" ou vazio, em lugar de números (tendo 2 de cada), fazendo-se a soma dos operadores. Por exemplo: -,-, vazio e + resulta em -1, enquanto -, vazio, + e + significa +1. Agora, soma-se o nível da Profissão adequada à tarefa e é feita uma comparação com o nível de dificuldade estabelecido pelo Narrador (algo entre 0 e 5).

O diferencial aparece agora: o jogador pode escolher invocar um de seus Aspectos, ou um Aspecto da situação, ou até mesmo de algum item, seu ou de outro personagem, tentando obter algum tipo de vantagem que faça sentido na ação, naquele momento. Quase sempre, é preciso pagar 1 ponto de Destino por Invocação, mas algumas invocações podem ocorrer de graça. Quando a invocação de um Aspecto é feita, ela vale +2 para o teste. Certos Recursos também podem modificar os testes ou seus resultados de suas próprias formas. Em contrapartida, o próprio Narrador pode indicar que a situação, ou a oposição "Força" um dos Aspectos do personagem, dificultando a ação, ou impossibilitando-a totalmente, em alguns casos.

Como se vê, não é um sistema difícil, pois tudo o mais são detalhes.


Exemplo

Digamos que seu herói se depare com um inimigo e escolha ir às vias de fato com ele. O herói carrega uma espada de jade verde, enquanto o inimigo tem um revólver de projéteis de jade vermelho. O jogador decidiu se antecipar ao oponente, atacando-o, portanto tem a iniciativa. Ele rola 4dF e obtém: -, vazio, + e +, somando isso à sua Profissão de Combatente (+3), ficando com +4. A sua espada de Jade verde é um de seus Recursos que, por meio de suas Características (indicadas na ficha e geradas durante a criação do personagem), indica um bônus de +1 quando usada contra um inimigo que não porte uma arma de lâmina, totalizando +6. O oponente rola vazio, vazio, vazio e +, somando ao seu bônus de competência de +2 para um total de +3. A diferença faria o herói causar 3 Tensões de dano, que o inimigo, um mero Capanga, poderia absorver com suas caixas de Estresse - ele tem duas, sendo que a primeira absorve 1 de dano, a segunda, 2. Mas o herói, na verdade, não quer dar chance ao inimigo de atirar, então, intuitivamente, presume que um algo mais é necessário e pede ao Narrador para invocar seu Aspecto "Treinado na Letal Arte do Kaiyu-jutsu". Com os novos +2, em troca de 1 Ponto de Destino, o inimigo não terá caixas de Estresse suficientes para absorver o dano e cairá, derrotado.


Conclusão

Jadepunk me conquistou fundamentalmente pelo seu conteúdo de cenário, mas o sistema simples também me cativou, principalmente por sua versatilidade. É até, admito, um pouco confuso no começo, mas depois de entender, a imaginação é o limite. Agora, tenho que pôr tudo isso em prática!

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 8

 Sem enrolação, seguimos com a montagem da próxima cena da história.

Local: Pitoresco + Perigoso.

Elementos de Cena: 1 elemento positivo e 1 elemento negativo. "Um novo caminho surge", "Um ataque ou ameaça contra o protagonista". Pergunto ao Oráculo: dentro ou fora da estação? 1 - Dentro.

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A estação Newark tem um pub, onde viajantes e membros da Patrulha Interestelar se reúnem para jogar conversa fora em suas horas de folga. Gunter Bertrand me apontou o lugar como um ponto de oportunidades para conseguir serviço e juntar créditos.

O problema é que não há um acesso fácil ao pub. É preciso pegar um elevador, que leva a uma ponte de aço, que atravessa um dos hangares. De cima da ponte, se vê a linda vastidão do espaço, mas se fica a alguns metros de altura, sobre as máquinas de serviço da estação e um monte de caixas empilhadas.

Eu encontro um homem interessado em contratar meu serviço de freelancer para...

[Rolo para determinar uma aventura: Guerra + Esconder. Jogo mais um Tema para entender melhor: Mentira]

... ir até o limite do Império, ajudar um cara a se esconder de inimigos. A coisa não parece legal. Há uma guerra civil por lá e será necessário mascarar a nave e minha própria identidade, se eu aceitar o serviço, para que o homem não seja também encontrado pela Patrulha Interestelar. Caramba! 

Pergunto ao Oráculo: essa coisa tem a ver com rebelião separatista? 3 - Não. Então, terrorismo? 2 - Não

Acontece que, em razão de acordos políticos do Império, firmados no passado, as guerras internas daquele sistema são permitidas, mas não podem envolver outros lugares, então, buscando por um esconderijo exterior, esse homem estaria infringindo leis galácticas. E eu, se o ajudar, estarei "meio que" escolhendo um lado numa guerra que nem me diz respeito...

Pergunto ao Oráculo: a promessa de créditos é REALMENTE muito elevada? 1 - Não

- Olha, meu chapa. Eu realmente gostaria de poder ajudar, mas ... É mesmo muito longe. Eu teria um custo alto em transição interestelar, muita perseguição de patrulha e, se isso não bastasse, a nave que eu tenho não está equipada pra uma batalha de verdade - ainda. Então, eu vou ter que recusar!

Pergunto ao Oráculo: é esse homem, com quem eu negociava o contrato, que me ataca? 1 - Não.

Então, quando eu saio do pub, pra ir dar uma olhada na minha nave (que foi, afinal, recompensa dada pela Patrulha Planetária de Ameriga), alguém se interpõe no meu caminho, sobre a ponte.

Perguntas ao Oráculo: Humano ou alien? 3 - Humano. Mulher ou homem? 5 - Homem. Rosto mascarado/coberto, ou à mostra? 2 - mascarado/coberto. Ele chega conversando, ameaçando, ou vai atirar em mim imediatamente? 6 - Direto ao combate! 

Farei um teste para ver se fui surpreendido, ou percebi que ele sacou a arma: d6+ Percepção (0) = 2! Não deu! É um ataque rápido, mas eu o vejo quando atira, ainda assim, então vou considerar apenas que ele tem direito a um turno livre, mas eu ainda tenho direito à Defesa contra seu ataque.

Para decidir o modelo de inimigo que vou usar, pergunto ao Oráculo: Básico ou Tático? 4 - Tático. 9 PVs, Combate +2.

Ele rola para disparar com uma arma de feixe: 4+2 = 6. Eu rolo 1 + 4 = 5. Fui atingido!

O homem usa uma máscara especial, como de ambientes perigosos, e um colete tático. Ele saca uma arma de feixes e eu vejo que não há tempo para conversa. Tento sair do caminho do tiro, mas sou atingido no lado do braço.

- O que diabos está acontecendo? Por que sempre tem alguém querendo um pedaço de mim torrado?

Iniciativa, agora, para o restante do combate: 2 para ele, 1 para mim.

Ele atira com: 2+2=4. Eu não preciso rolar o dado, porque meu mínimo já garante a esquiva. Rolo meu ataque, gastando 3 PEs antes de rolar: 3+3+4+1=11. A defesa dele é 7, sofrendo 4 de dano. Eu me mantenho com 7 e ele agora tem 5.

Novo turno. Ele rola para atacar 1. Eu avanço pela ponte, desviando de seus disparos, procurando vantagem em estar à queima-roupa e rolo, outra vez com 3 PEs gastos: 3+4+4+1 = 12. A defesa dele é 3. Está morto.



Trocamos disparos alucinadamente. Eu me desvio com agilidade e me aproximo o bastante para tirar vantagem. Em poucos momentos, ele está morto.

Decido investigar o corpo, antes que chegue alguém da estação para averiguar a situação.

Pergunto ao Oráculo: há alguma marca, símbolo, emblema, tatuagem, etc. que eu possa identificar, para saber de quem se tratava o atirador? 5 - Sim. Faço um teste com Crime (0) , gastando 3 PEs: 2+3 = 5. Eu encontro nele uma marca, mas não sei identificar imediatamente.

Terei de pedir ajuda às autoridades da estação. Eu sou um homem na mira de alguém. Mas por quê?

Acho que posso encerrar a Cena aí. Por ter alcançado um interessante ponto da história, vou considerar uma "sessão" encerrada e me dar mais 1 PP.  Vou aprender Percepção, visto que é bem útil. 

Até a próxima! 

 


quinta-feira, 3 de julho de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 7

De volta às aventuras fanfiqueiras de Trent, tenho 2 PP para gastar. Estava pensando se juntaria para pagar melhorias para minha futura nave pessoal, mas acho que isso ainda pode esperar. Melhor aprimorar os talentos presentes do personagem, pra evitar desastres em testes. Pensando assim, eu subo seu Combate para +4 e Lábia para +2, pois foram Perícias que usei em algumas situações prévias.

Sua Ficha atualizada:

    Pontos de Vida 8, Pontos de Energia 12.
    Perícias: Veículos + 4, Combate +4, Tecnologia +2, Lábia +2, Conhecimento (Astronomia & Astrofisica) +1 e Coragem +1. 
    Equipamentos: uma pistola de energia +1 (1PP), um comunicador de alcance planetário (1PP) e um kit de ferramentas portátil (permite consertar um veículo, sem custo em PE, tendo peças sobressalentes e uma hora disponível por Ponto de Durabilidade recuperado; alternativamente, permite gastar 2PE para cada ponto de Durabilidade recuperado, num conserto improvisado e apressado; 1PP).

A próxima Cena, se nada atrapalhar, será a partida de Trent para o espaço, junto com o comboio militar. A bordo de uma nave da Polícia Planetária, ele tem a missão de transportar commodities até uma estação espacial. 

Local: Longe. 

Elementos: 2 Positivos, "Uma informação clara e relevante", "um objetivo ou meta está aqui"

Okay! Nossa cena é diretamente o momento em que Trent e o comboio estão alcançando a Estação Newark, onde Trent deve entregar sua carga.

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"Senhor Trent, sua permissão para ancorar no hangar foi verificada. Seja bem-vindo à estação Newark!"
A comunicação pelo rádio se encerra e eu manobro o cargueiro por entre as comportas da estação, que separam o espaço do ambiente interno. Depois de ter a nave pousada, vou fazer a entrega e ver como a estação se parece. Talvez haja mais coisas por aqui para fazer.

Pergunto ao Oráculo: a informação que receberei na Cena é sobre Porto Libre? 4 - Sim. Alguém da estação me dará essa informação? 2 - Não. Alguém que veio no comboio da Polícia Planetária? 1 - Não. Imagino, então, que a informação será dada indiretamente, por uma notícia num telão, possivelmente.

A informação/notícia será sobre o homem que ordenou me matar, lá no planeta Ameriga. Vejamos uma Ação, para saber o que houve: Ajudar... Tema: Guerra. Eis o que eu pensei:

"Um homem capturado pela inteligência, por ordenar uma tentativa de assassinato de um dos sobreviventes de Porto Libre, acabou por revelar estar ajudando espiões de uma força-tarefa de uma nação espacial inimiga. Segundo o resumo divulgado pela assessoria de publicidade da inteligência, ele teria participado de um roubo de um importante item, que poderia ter fins bélicos. A nação envolvida na conspiração não foi revelada, assim como a natureza do item roubado, ou seu atual paradeiro, mas a dita força-tarefa estaria, certamente, envolvida no atentado a Porto Libre..."
- Ora, vejam só. Eu quase fui morto por um desgraçado que traiu o Império para terroristas! - diante do telão, eu converso comigo mesmo.

 

Pergunto ao Oráculo: alguém vê que eu estava falando sozinho e puxa um papo? 4 - Sim. Um mecânico de naves ali da estação, em pleno hangar.

- Foi você quem quase morreu, ali na notícia? - ele fala, com uma voz rouca de cigarro. O homem é corpulento, cara redonda, bigode enorme. Usa macacão azul e um capacete de serviço. Tem algumas ferramentas de mecânico penduradas numa espécie de cinto de utilidades.

- É, meu chapa. Era eu, sim - até o momento, eu não via razões para ficar desconfiado, mas, pensando bem, depois de ter sido quase vítima de um assassinato no pátio da Polícia Planetária, melhor eu ficar alerta com esse aí! - Não está também querendo um pedaço de mim, está?


Ele está? 1 - Não. Ufa! Ele quer falar sobre alguém que morreu lá em Porto Libre? 1- Não. Ele quer falar sobre algum outro sobrevivente da Porto Libre? 5 - Sim. 1 Filho (a), 2 Irmão (a), 3 Sobrinho(a), 4 Companheiro(a), 5 Colega de trabalho ou 6 Ele próprio? 6 - Ele próprio!

- Eu não lembro de você e você também não deve lembrar de mim, mas eu estava lá. Nós escapamos juntos de Porto Libre! Eu fui liberado há poucos dias para retornar às minhas atividades aqui na estação.

- O espaço do Império é incrivelmente pequeno, não é mesmo? -  eu rio e o cumprimento.

Eu me apresento. Vou rolar um nome pra ele numa tabela de um suplemento de RPG, Guia do Circuito Básico, voltado ao jogo Street Fighter RPG, feito por fãs: Gunter Bertrand, mas ele aceita o apelido de Bafo de Onça.

Sobre o que vamos falar mais? Tema: Morte.

- Eu não estaria rindo, se fosse você. Muitas pessoas morreram em Porto Libre e, pelo jeito, há quem queira os sobreviventes mortos também.

- Não - eu lhe digo, tentando manter a tranquilidade - O cara já foi pego! Você viu a notícia.

- Ele deve ser só um de alguns, senhor Trent. Não é nem mesmo mais importante deles. Precisamos ter cuidado, não acha?

Eu paro e penso no que ele disse. Talvez ele esteja certo.


CONTINUA.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 6

Trent sofreu um tiro na cena anterior. Certamente que estará plenamente recuperado ao acordar, em alguma enfermaria do QG da Polícia Planetária, e algum tempo terá se passado. Já sabemos também que o homem que tentou matá-lo foi capturado. Mas eu preciso perguntar ao Oráculo: interrogado, ele dá informações sólidas sobre por que tentou matar nosso herói? Rolo 4 - Sim.

Vou usar a Tabela de Tema de Aventuras para inspirar a criação das informações que ele fornece: 6, 5 - Dívida. Isso poderia ser uma excelente justificativa para se envolver num ato criminoso, mas o que mais? Rolo uma segunda vez: 5,4 - Fuga... Isso não me diz muito... Oráculo, tem algo a ver com Porto Libre? 4 - Sim. Seria uma "queima de arquivo", isto é, talvez eu fosse uma testemunha de algo que aconteceu em Porto Libre, ou na nave de fuga, e o que eu sei comprometia alguém? Rolo 5 - Sim.

Certo. Isso me dá todos os elementos para interpretar a cena.

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Trent acorda com o peito dolorido, cercado de máquinas hospitalares. Junko se levanta de uma poltrona à frente do leito, quando percebe que Trent tenta se mover.

- Acalme-se aí, senhor Trent! O senhor chegou bem perto da morte, não se exalte!

- Hã... Espero que, pelo menos, o filho da mãe tenha pagado por isso...

Ela chega ao lado do leito e me ajuda a ficar sentado, enquanto aperta algum controle e chama pela equipe de atendimento:

- Sim, senhor Trent. Ele está preso e foi interrogado.

- Quem era o cara? Por que tentar me matar?

- Porque você parece ser uma testemunha-chave do que aconteceu a Porto Libre!

- Eu? - Trent fica sobressaltado - Ora, bolas! Eu não sei nada sobre o que aconteceu àquele lugar! Tudo começou a ir pelos ares, enquanto eu cobrava um devedor, acerca de um transporte que fiz... quando ainda tinha minha própria nave.

- É... mas, ao que parece, sem querer, você viu algo suspeito acontecer por lá. Não se lembra  de nada?

Nisso, chegam à sala, além de uma enfermeira, dois homens mal-encarados, usando ternos e óculos escuros.

- Tenente Zane. Senhor Trent. Nós somos da força de inteligência, estamos no caso de Porto Libre. Fomos avisados do que ocorreu aqui e decidimos vir conferir como o paciente está pessoalmente. Além disso, poderíamos fazer nosso interrogatório agora, não é mesmo? E dispensá-lo de todos os problemas o quanto antes.

- Eu quero ver suas credenciais, agentes, por favor - fala a Tenente Junko Zane.

Um dos homens mostra uma espécie de tela portátil à Tenente, enquanto o outro se dirige para Trent.

- É inevitável acreditar que o senhor foi testemunha de algo importante naquela estação espacial. Portanto, gostaríamos que nos contasse, no máximo de detalhes possível, como foram as últimas horas de Porto Libre, sob sua ótica. Aliás, um momento, Tenente, a senhorita já pode se retirar...

Este é um momento interessante da cena. Como eu não verifiquei os Elementos de Cena antes de começar a interpretação, vou fazer o seguinte: pergunto ao Oráculo apenas se a Cena é favorável (1-3) ou desfavorável (4-6)... Rolo 1, ufa!

Segue a cena...

Junko aceita sair da enfermaria (junto com a enfermeira que veio conferir os meus sinais) e eu fico conversando com os agentes da inteligência por algum tempo. No fim das contas, não eram gente ruim, estão apenas fazendo seu trabalho.

Para tentar "lembrar" o que Trent possa ter visto em Porto Libre que colocaria sua própria vida em risco, vou rolar Tema e Ação, como se gerasse uma aventura:  Fuga + Ajudar. Trent lembra de ter ajudado um homem estranho a chegar até a nave de Fuga. Ele havia caído com alguns objetos e guardou-os no casaco, antes que eu o fizesse levantar. [Com certeza, foi o homem que contratou um assassino para Trent... O que quer que ele tivesse derrubado, devia ser importante e ele queria proteger o segredo, achando que Trent tinha visto... Encontrou um policial endividado e prometeu uma boa fortuna em troca da vida do nosso protagonista]. 



- ... e foi isso - Trent contou tudo o que lembrava aos agentes.

- Muito bem, senhor Trent. É o que estávamos precisando saber. Faremos agora um desenho da pessoa que você salvou,  usando uma sondagem da sua memória específica, isso não deve demorar.

E eles submetem Trent ao uso de algum equipamento que sonda sua memória através da retina. Depois disso, despedem-se. A Tenente Junko Zane, a seguir, retorna à sala.

- Está tudo bem? - pergunta ela, preocupada.

- Melhor do que eu esperava. Poderia jurar que não seria interrogado de forma tão pacífica por gente tão estranha, mas me saí sortudo, dessa vez.

- Bom. Se você já respondeu à investigação, deve estar livre para seguir sua vida, outra vez, como haviam prometido antes, não é?

- Talvez sim, talvez não. Só o tempo dirá. E daqui, já posso sair? 

- Sim - ela ri, um sorriso gentil e divertido - Podemos agora colocá-lo naquela missão que comentamos antes, como Freelancer, não é mesmo? Ainda quer?

- Sim. Eu não vou me importar de conseguir alguns créditos para comprar uma nave nova...

CONTINUA.

 

 


segunda-feira, 16 de junho de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 5

De volta à campanha fanfiqueira de Trent, vejamos como será nossa cena. Eu sei que deve se passar na base da Polícia Planetária, porque é pra lá que estávamos indo na nave patrulha da Tenente Junko Zane. Mas como é o ambiente? Rolo na Tabela da p.33: Artificial. Paredes e pisos de material sintético, com cabos de gás e energia à vista, é uma boa imagem. E o que terei como Elementos na cena (instruções na p. 33, tabela na p. 34)? Os resultados 6 e 4 indicam 2 elementos Negativos, que eu rolo separadamente: o protagonista é ameaçado ou atacado. Aliás, os dois dados caíram 5, então a ameaça é forte...

Penso, então, num ataque surpresa, de alguém dentro do QG da Polícia, alguém envolvido com alguma conspiração da qual eu só saberei mais adiante!

Consulto o Oráculo (p. 34): o inimigo está disfarçado como policial? 6 - Sim. O inimigo espera escondido, ou me atacará abertamente? 2 - Escondido. Então, eu serei recebido com o disparo de um atirador furtivo, quando descer da nave patrulha, no hangar, dirigindo-me a um corredor apontado pelos guardas que me acompanham, também na companhia da Tenente.

Tenho todos os elementos de que preciso para imaginar e compor a cena. Vamos à narração:

Trent caminha, não como um prisioneiro escoltado, agora, mas como um conhecido em ambiente amistoso, descendo da nave patrulha, conversando com a Tenente Junko Zane:

- Estou louco para conhecer a nave que me darão para pilotar, nessa missão de cargueiro que você me falou...

- Como eu lhe disse - ela responde, enquanto continua a caminhar, com passos elegantes e despreocupados - não é uma nave de batalha, nem muito avançada. Mas não deve ser problema para você descobrir como lidar com ela.

Preciso agora pensar no meu inimigo. Vejamos um modelo (p.36) : acho que será um Tático, pela necessidade de eficácia, o risco que impõe como assassino. Assumo que ele tem a Perícia Crime igual ao seu valor em Combate (+3) e que fará uma Disputa contra a minha Percepção (+0), que representa aqui também o nível de atenção geral do grupo. Rolo 6 contra 4 - ele tem a Vantagem de estar bem escondido de todos e conseguirá disparar livremente, num turno surpresa! (Não terei direito a rolar meu Combate contra o dele).


Turno Surpresa: Assassino escondido rola 5+3 = 8. Direto nos meus PVs! Zerei! Por sorte, a morte não é imediata... Tenho 12 Turnos para ser socorrido. Acredito que é mais que suficiente para eu ser salvo, nem perguntarei ao Oráculo algo tão cruel...

Pergunto ao Oráculo, entretanto: o pretenso assassino consegue escapar de uma perseguição? 3 - Não!

Ótimo! Quando eu acordar novamente, terei algum elemento de conspiração contra mim para descobrir...


quarta-feira, 26 de março de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 4

Sigo adiante minha jogatina Solo "fanfiqueira", usando o sistema de Império Central da Galáxia, em uma aventura emergente, inspirada pelo game Freelancer.

A primeira coisa a fazer seria rolar o lugar onde a cena vai se passar, mas eu quero que continue da nave onde eu estava.

Elementos de Cena
: rolei dois dados com valores 1 e 3, significando Dois elementos positivos. Sorteio, então, 2 e 3, indicando que encontro um objeto importante ou valioso, ou uma recompensa, além de uma pista de um mistério. Meu primeiro pensamento é de que eu saberei algo sobre o que aconteceu a Porto Libre. Mas nem faço ideia do que será o objeto. Vou rolar um tema, usando a mesma tabela geradora de aventuras: [4,1] Tecnologia. Ainda na dúvida, pergunto ao Oráculo: é uma nave? [5] Sim. Ótimo! Vou considerar que receberei uma nave em empréstimo, ou confiança. Já a pista fala de algo que foi feito, está sendo feito ou será feito, ou seja, uma Ação: [4,4] Finalizar. A investigação acerca das circunstâncias da explosão que deu fim a Porto Libre estão se concluindo, é isso! 

Já tenho informações o suficiente para narrar a Cena. Vamos lá! 

Cena 4
A Tenente Junko Zane retorna ao local onde me deixou, a enfermaria de sua nave , e eu me levanto para conversarmos.

- Então? 
- Parece que sua história é real, senhor Trent. O que significa que não precisa mais ser meu hóspede por muito tempo. Apenas chegaremos à base e, dali, você pode partir quando quiser. Mas... Antes, eu tenho uma proposta para você. 
- Uma proposta? - obviamente, isso me intriga.
- Sim. A Patrulha Planetária contrata braços civis em algumas situações e temos uma dessas em andamento. Um transporte de mantimentos para uma estação orbital, junto de um comboio.
- Acontece que eu não tenho uma nave para ajudar! 
- Não se preocupe com isso. Você vai pilotar uma das nossas, coisa pequena e não militar.
- E o que eu ganho? 
- A nave, para seguir trabalhando como freelancer, em empréstimo. E uma informação. Essa, eu posso lhe dar em adiantamento, se quiser. 

Curioso. Eu penso sobre o que ela diz, antes de responder: 
- Parece uma boa. Do que se trata o que tem de informação? 
- Eu soube que as investigações a respeito da estação Porto Libre estão chegando ao seu final. Você será chamado para um interrogatório, brevemente, mas apenas em razão protocolar. Tenho um contato no setor da inteligência, um ex-namorado, na verdade... Enfim. Ele ficou de me passar mais detalhe, tão logo os obtenha. 
- Muito bem, então você teria uma desculpa para manter contato comigo, ou poder ficar de olho em mim, pelo que posso perceber...

Ela se irrita com minha última frase, Oráculo? [4] Sim

- Ora, senhor Trent, eu não sei o que quer insinuar, mas eu estou apenas querendo lhe fazer um favor, em troca de seus serviços de piloto. Se isso não lhe interessa...
- Espere, espere, desculpe, eu não falei por mal. Teste de Lábia, gastando 3 PE [2+3+1], ufa, passo. 
- Certo, vamos esquecer este momento. Falaremos de novo no hangar da base da Patrulha Planetária. Meus homens garantirão que chegue lá sem problemas. 

E ela sai. Os homens que estavam de guarda comigo continuam com suas armas apontadas para mim. 
- Ei! Vocês ouviram tudo, não querem mesmo relaxar?

sexta-feira, 7 de março de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 3

Sigo neste post a aventura Solo de Fantasia Espacial Futurista de Trent, inspirada no jogo eletrônico Freelancer e movida pelo RPG Império Central da Galáxia!

Resumo do que ocorreu até o momento: Trent pegou um contrato temporário para ser piloto de um homem poderoso; sua missão era simplesmente levar o homem até a residência de sua ex-esposa, para pegar qualquer coisa que lhe interessava. Mas, com muito azar, deparou-se com uma batalha de veículos em andamento e teve de lutar para evitar que sua nave fosse roubada. Tudo deu errado! Ele tentou fugir num salto de fé, mas só escapou da morte certa com ajuda do Oráculo. 

Cena 3

Imagino que, durante a queda, ou por alguma razão qualquer, Trent desmaiou em algum momento. A cena atual ocorre no momento em que ele acorda.

Local: [4,4] Movimento. É uma nave, certamente. Estou numa cela, Oráculo? [2] Não. Uma enfermaria, então. 

Minha cabeça dói, mas eu não demoro a perceber que estou bem. Estou cercado de equipamentos médicos, deitado sobre um leito. Pelo menos, não estou acorrentado, ou preso de qualquer modo. Nem morto, pra meu total alívio. 

Elementos da cena: [3,3;5,1] "Uma pista sobre um mistério" + "Um obstáculo, barreira ou impedimento". O mistério pode ser o que estava acontecendo na cena anterior OU algo acerca da grande trama da campanha. O que o Oráculo indica? [2, primeira opção] 

Uma mulher se aproxima, com ar de autoridade. 
- Você deu sorte de termos visto sua queda, piloto. Coincidentemente, também tínhamos equipamento para resgatá-lo em pleno ar.

- O que significa que eu não tenho palavras nem meios suficientes pra agradecer. Aliás, o nome é Trent - eu respondo, tentando ganhar sua simpatia.

- Marco del Munhoz deflagrou uma verdadeira guerra entre as facções criminosas da cidade, bem em frente à própria mansão - ela demonstra indiferença - Certamente, não era um lugar em que eu gostaria de estar voluntariamente, ainda mais depois de a polícia metropolitana iniciar uma intervenção. O que me leva à pergunta: o que você fazia lá? 

- Trabalho. Fui contratado como piloto por um figurão, mas nenhum de nós sabia que teríamos esse entrave no caminho. 

Percebo que dois grandalhões se aproximam, segurando armas discretamente. 
- Certo, senhor Trent - a mulher continua - Vamos averiguar o que você disse e investigar um pouco sobre você. Enquanto isso, seja meu hóspede. Estamos voltando para a base. 
- Você é muito gentil... Posso saber o seu nome? 
[4]
- Claro. Tenente Junko Zane, da Polícia Planetária.


- Junko Zane, certo. Posso lhe chamar de Junko, apenas? Olhe, foram os militares do Império que me deixaram aqui no planeta, como "hóspede" também, até que as investigações sobre Porto Libre concluam qualquer coisa, sabe? Então, talvez você possa perguntar aos seus superiores qualquer coisa sobre mim. Eu não devo significar problemas pra você, com certeza!

Oráculo, ela toma por ofensa a proposta de Trent de lhe chamar pelo primeiro nome? [5, Sim]
- Você deve se dirigir a mim apenas como Tenente, senhor Trent. E, como eu lhe disse, vou averiguar suas informações. Obrigado por cooperar -  e ela sai, aburptamente.

Eu fico na sala da enfermaria com os dois "gorilas" armados. Eles são tão inexpressivos quanto as paredes do lugar, exceto pela aparente vontade de apontar suas armas de raios contra mim e me devolver ao leito em péssimo estado.
- Já que eu sou hóspede, não prisioneiro, vocês poderiam me servir uma bebida, ao menos? Testo Lábia, só pra ver no que dá: [4+1] Falha. Eles continuam parados, comigo na mira, sem demonstrar interesse pela minha simpatia.

Eu me deito no leito outra vez. Já que vou ter que esperar, que seja deitado!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 2

 Cena 2 (Continuação)

Um combate se inicia. Defino o piloto inimigo com o modelo Tático, com Combate +3 e também Veículos +3. Rolagem de iniciativa da Rodada 1. [3 para mim, 5 para o inimigo]

Não consegui ser rápido o bastante, depois de derrubar o indivíduo que queria me abordar. O piloto da nave à minha frente, por outro lado, manobra com agilidade e me pôe na sua mira.

Vou considerar que a nave inimiga é um pouco melhor que a que eu uso, apenas. Durabilidade 10, Autonomia 10, Disparadores de Laser Frontais de Ataque +2, Velocidade e Voar. O piloto está no controle das armas: [1 + 3 + 2] de Ataque vs minha defesa [6, explode para 4 + 2 ,+ 4]. Não sofro dano.

"Manobra evasiva! Eu faço a nave girar sobre o eixo e subir um pouco, antes de atirar"

Minha vez: [3+1+3] vs [5+3]. Sem dano. Considero que acertei numa parte bastante resistente da nave inimiga, que não repercute em ameaça para a estrutura.

Rodada 2. Iniciativa: [4 minha, 1 inimigo]

Sigo atirando, como se fosse apenas a continuação do ataque do turno anterior. [1+1+3] vs [4+3]. Outra vez, sem dano. Agora, o inimigo ataca: [4+3+2] vs [4+4]. Sofro 1 de dano, a nave sofre um abalo, perdendo 1 de Durabilidade.

Rodada 3. Iniciativa: [6 minha, 4 dele]

Ataque do Trent:[4+1+3] vs [5+3]. Outra vez, não causo dano... Tá osso! Ataque inimigo: [1+3+2] vs [1+4]. Outra vez, não consigo manobrar corretamente para uma manobra evasiva e sofro 1 de dano na Durabilidade.

Rodada 4. Iniciativa: [2 minha, 3 dele]

O inimigo segue seu ataque. Dessa vez, vou dispôr de 2 de Energia para minha defesa: [6, que explode para 6+3, primeiro explode para 6+2, outro que explode para 3+2; (3+2+3+2)+3+2; totalizando 15!] vs [3+4+2]... Muita falta de sorte! Perdi 6 da Durabilidade, o que significa que estou com 2 sobrando... 

No meu turno, em vez de atacar, eu saio dos controles da nave correndo e vou saltar pela abertura lateral - que ainda estava aberta - e gastar 3 de Energia para um teste, tentando alcançar um lugar onde possa me agarrar em algum prédio dos arredores, ou quem sabe algum lugar macio onde cair: [1+3] Falha! Vou jogar 1 dado, para saber a quantos "hexágonos" estou do chão: 6!!!! Cada hexágono são 12 metros, o que significa que estou a 90 metros do chão... Calculando 1d6 de dano para cada 3 metros percorridos numa queda, eu poderia sofrer 30d6 de dano!!

"Queria não ter estado em Porto Libre naquele dia..." é meu último pensamento, antes de falhar miseravelmente em me salvar com um salto desesperado.

Só resta uma escapatória. Perguntar ao Oráculo se eu serei salvo no último segundo por algum personagem inesperado e aleatório do cenário:

.

.

.

[4] FUCKING 4!

(CONTINUARÁ... ainda bem! Aliás, depois de 2 cenas, sendo uma delas tão eletrizante, eu bem que mereço considerar que isso foi um fim de sessão e me dar 1 Ponto de Progressão!)



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 1

 Cena 1 - Decolagem

"Melhor do que ficar neste planeta sem nada pra fazer", pensa Trent. Então, ele responde sim ao novo contratante. Não há contrato a assinar, só um aperto de mão um tanto inconveniente.

- Esperarei você no hangar 14, é onde está minha Star Cougar - o homem diz, com a voz afetada típica dos ricaços, enquanto caminha para a saída do pub onde nos encontramos.
- Eu estarei lá em dois minutos...

Eu me dirijo ao atendente no balcão, perguntando se o cara que acabou de sair é conhecido, tipo figura da mídia, ou cidadão renomado - no bom ou no mal sentido. O Oráculo responde se o barman conhece o meu contratante: [6] Sim. Rolo na Tabela 1- Tema para saber que tipo de conhecimento o barman tem dele (essa Tabela, originalmente, serviria apenas ao Gerador de Aventuras, mas nada impede que sirva a outros propósitos num jogo Solo, como inspirar a criatividade): [1,6] Poder!

- É um homem poderoso. Já foi Prefeito, Governador, Deputado... Está tentando se tornar Senador Planetário atualmente.
O atendente não para de organizar copos e garrafas para me responder, então eu não o atrapalho por mais tempo. Fico apenas pensando: "com todo esse poder, ele poderia ter um piloto particular no contra-cheque já há bastante tempo, sem contar a escolta armada, ou alguns seguranças civis, no mínimo... Por que contratar um freelancer? No mínimo, ele quer discrição... Espero que não seja mais que isso!"

Rumo para o hangar 14, andando pelo gigantesco porto aeroespacial da cidade numa das muitas esteiras deslizantes do lugar. Estou ansioso para conhecer a tal Star Cougar. Será uma nave bacana de pilotar? Estilosa? Arrojada? Vou rolar um dado simplesmente para dar uma nota para a nave: [3] Caramba... Deve ser a pior nave do cara... Feia, suja, fora de catálogo...

Vou construir a nave nas regras
Star Cougar - Nave Particular: Durabilidade 10, Autonomia 10, Disparador de Laser Fixo Frontal de Ataque +1, Velocidade e Voar. Não foi feita para alcançar o espaço. Se adquirida, custaria 4 PP.

 O homem me encontra observando a sucata voadora com a boca aberta. Acho que pensa de mim o mesmo que eu penso da sua máquina:

- Você jamais viu algo tão rápido na sua vida, tenho certeza! - ele ri, como se quisesse parecer simpático e me alcança o cartão de desbloqueio dos sistemas. Eu abro as portas com presteza e o ajudo a chegar ao seu assento.

- Não vou lhe oferecer um serviço de bordo nesta viagem, meu senhor - eu lhe digo, fingindo um tom de servidão e animação -, porque é minha primeira vez nesta nave, mas se nossa relação contratual se estender para outros eventos, posso providenciar lanchinhos e bebidas. 

Ele segue a conversa animadamente? [2] Não. 

- Se eu precisar de lanches, eu contrato uma secretária para esse fim. Siga para as coordenadas no cartão, ligue uma música tranquila e fale somente o necessário, com as torres de controle. 

Okay. Ele não é simpático de verdade, eu já imaginava.

Teste de Veículos para iniciar o voo, só pra ver se o caos acontece! [4+4] Sucesso.

Sigo o protocolo de navegação, solicito autorização de decolagem e alço voo. A nave faz um tanto a mais de barulho do que eu gostaria, balança um pouco na partida e eu tenho de fazer um bocado de esforço para colocá-la no prumo, antes que quase impacte contra um prédio próximo do porto, mas, sem falsa modéstia, eu sou bom o bastante para fazer tudo isso sem que o porco engomado perceba.

Eu não rolei o local dessa cena e ainda não havia definido os acontecimentos aleatórios dela, mas acho que agora pode ser um bom momento. [3,3] Dois eventos positivos, que serão : [4,4] "Um novo caminho surge (x2)". Considero que a repetição intensifica a resposta, então tenho mais de um caminho para seguir para o nosso destino, tranquilos, de modo geral.


Cena 2 - Havia uma nave no meio do caminho

Local [5,6;3,5]: Perto e Lotado

Elementos de Cena: [4,5] Dois elementos negativos, os quais são [4,2]: "Uma batalha, perigo ou desavença em andamento" + "Um pedido ou exigência"

O tempo da viagem não é muito longo. Em termos continentais, levando em conta a velocidade que uma aeronave - mesmo uma péssima aeronave - é capaz de alcançar, é "logo ali". Mas, enquanto eu procuro um pátio de pouso no local indicado, sou surpreendido pelo movimento nas ruas e mesmo no espaço aéreo ao redor da mansão que estamos indo "visitar". Parece haver bloqueios de trânsito, pessoas procurando abrigar-se e esconder-se e um verdadeiro tiroteio!





- Hã, senhor! - eu abro o canal de comunicação com o meu chefinho - Parece que não viemos em boa hora!

Pergunto ao Oráculo: Ele me pedirá para pousar, ainda assim? [1] Não

- Tire essa nave daqui, então, seu idiota! O mais rápido possível!

O "idiota" aqui vai fazer o que o patrão está pedindo, mas ele acaba de contrair uma dívida maior do que o pagamento prometido. Nisso, uma nave circulando por ali, coloca-se no meu caminho e eu ouço, no canal aberto de comunicação:

- Pare essa nave onde está! Deixa-a ligada e flutuando e saia imediatamente!

"O cara tá me mandando saltar da nave? Quem ele pensa que é?"

Pergunto ao Oráculo: a nave tem dois paraquedas? [1] Não.

Eu olho para trás e meu chefinho já tomou o único paraquedas presente na nave em suas mãos, abriu o compartimento de passageiros e saltou. Grande dia!

Pergunto ao Oráculo: a nave que me ordenou abandonar o voo está fortemente armada? [1] Não. Eles são de uma facção criminosa, ou da polícia local? [3] Facção!

Eu consigo analisar a minha situação rapidamente. Tá acontecendo uma guerra por aqui e eu fui condecorado como aquisição estratégica pelos bandidos. Ou melhor, a nave que estou pilotando. Bem, ela não me pertence, mas meu chefe acaba de me abandonar, logo, ela é minha agora. E eu não vou entregá-la sem luta. Lá fora, eu vejo que os caras abriram seu compartimento de passageiros e um grandão com um rifle laser está se preparando pra me abordar, como fazem os piratas do espaço... Mas a nave dele (e de quem mais estiver com ele ali) não tem poder de fogo maior que a minha...

Sem pestanejar, eu miro no inimigo vulnerável e ataco. Eles não esperam por isso, com sua arrogância de criminosos, então é só eu não errar o tiro! (Estou considerando que tenho um turno surpresa. O bandido não somará sua Perícia Combate para se Defender) [3+3+1 = 7 vs 5; Dano 2]

Não há uma regra de escala de poder em Império Central da Galáxia, mas vou assumir que ela existe, funcionando da seguinte maneira: armas de nave são mais poderosas que armas pessoais, assim como a Durabilidade de um veículo também significa muito mais que os Pontos de Vida de um indivíduo comum. Uma nave que ataque um indivíduo soma +8 no dano final. Já uma nave atingida por armas pessoais de alta tecnologia recebe +4 de Defesa; armas de baixa tecnologia não fariam nem cócegas.

 Isso significa que causei 10 de dano no carinha que estava se preparando pra pular sobre a minha nave. Mas eu não havia determinado seu Modelo anteriormente. Vou considerar que é um Soldado, então ele tinha 2d6 PVs, inicialmente, para uma média de 7, o que significa que ele morreu.

O inimigo, agora pouco mais que um rato torrado, cai da nave. O piloto reage, posicionando a nave, e nós agora vamos ter um combate aéreo de verdade!

(CONTINUARÁ


terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Jogatina Solo - Império Central da Galáxia - Parte 0

 Provando que quem não está morto sempre volta a aparecer, estou de volta ao Blog! Pois, já que janelas de oportunidade para jogar RPG Solo gravando para o canal Covil do Narrador têm sido raras, jogatinas escritas tornam-se interessantes.

Lançado na finaleira de  2023, Império Central da Galáxia é um RPG que escrevi com muito carinho e paixão, pois se tratava daquele que seria meu primeiro jogo completo e traria um tema que admiro demais, que é a Ópera Espacial. Tendo por base o Documento de Referência do Sistema C4, o ICG é um jogo simples, mas abrangente, onde abordei a síntese de um cenário, modificações e adaptações da regras originais ao contexto da Ópera Espacial, tabelas para gerar aventuras e regras detalhadas para jogar em modo Solo e Coop sem Mestre.

E, dada essa devida introdução, vamos à jogatina!


O Protagonista

Começo pela criação de um personagem. Estou imaginando um homem da casa dos 30 anos, alto, atlético, usando colete de "couro artificial" sobre um uniforme surrado de piloto. Ele esteve trabalhando com compra e venda de produtos diversos nos últimos meses, fazendo viagens de um planeta ao outro em sua nave particular - tudo legalmente, a princípio, embora ele não seja do tipo que se recusaria a driblar fiscais para pagar menos taxas de importação -, até que, em uma parada numa estação espacial chamada Porto Libre, esteve bem perto da morte. A estação foi alvo de algum tipo de ataque ou sabotagem e foi destruída, mas não sem antes disparar uma única cápsula de fuga com nove tripulantes, dentre eles o meu protagonista. Mais tarde, a cápsula de fuga foi encontrada por uma nave patrulha do Império e os resgatados deixados num planeta hiperpopuloso chamado Ameriga, no aguardo de serem chamados para prestar depoimentos acerca do desastre - praticamente à própria sorte, na realidade. E o piloto ficou sem sua nave... A propósito, seu nome é Trent.

Este é o ponto onde minha história vai começar. Na verdade, praticamente uma fanfic, pois esse pano de fundo foi retirado, resumidamente e com pouca alteração, de um jogo de computador muito querido por mim, chamado Freelancer

Tenho a história, vamos à ficha. Em ICG, é muito simples e rápido: 

Pontos de Vida 8, Pontos de Energia 12. Tenho mais talento que resistência física, mas não chego a ser franzino. Perícias: Veículos + 4, Combate +3, Tecnologia +2, Lábia +1. Com alguns dos 5 Pontos de Progressão iniciais, acrescento Conhecimento (Astronomia & Astrofisica) +1 e Coragem +1 (esta, porque imagino que haverá momentos assombrosos nas aventuras, capazes de testar sua sanidade). Equipamentos: uma pistola de energia +1 (1PP), um comunicador de alcance planetário (1PP) e um kit de ferramentas portátil (permite consertar um veículo, sem custo em PE, tendo peças sobressalentes e uma hora disponível por Ponto de Durabilidade recuperado; alternativamente, permite gastar 2PE para cada ponto de Durabilidade recuperado, num conserto improvisado e apressado; 1PP). Estes equipamentos foram criados a partir de extrapolação das regras, com alguma liberdade criativa, da mesma forma que os exemplos de equipamentos presentes no manual.




O Começo

Minha ideia para começo de campanha é que Trent vai tentar conseguir algo para fazer em uma grande cidade - quem sabe, um emprego temporário -, enquanto a inteligência do Império o mantém "hóspede", até que a investigação sobre a destruição de Porto Libre chegue a uma conclusão. Isso o leva a conhecer alguém que o contratará como piloto para uma tarefa. Assumo, então, que a oportunidade aparece e o Gerador de Aventuras me diz o seguinte: Tabela 1 - Tema [5,6] Discórdia; Tabela 2 - Ação [5,4] Resgatar.

Preciso detalhar isso. Pergunto ao Oráculo: A pessoa que me contrata está envolvida em alguma rixa? [1] Não. Aquilo que será resgatado é uma coisa ou pessoa? [2] Coisa. Eis o que consegui imaginar como resultado:

Um homem corpulento e desagradável colocou um anúncio de contratação de piloto nos classificados do porto. Eu o encontro e fico sabendo que ele tem uma disputa judicial com sua ex-esposa e quer de volta alguns objetos que ficaram com ela na separação. Conseguir uma escolta e um oficial de justiça para acompanhá-lo, segundo ele, seria dispendioso demais e exigiria muita burocracia. Ele tem uma nave particular (algo semelhante, nesse caso, a uma van voadora) e só precisa de um piloto que o leve até lá. O pagamento é bom, mas há um risco: o atual companheiro de sua ex-esposa é um cara esquentado e, segundo dizem os boatos, envolvido com atividades do submundo. Talvez ele não queira receber visitas...

(Continuará!)