Seguidores

domingo, 1 de maio de 2011

Êita, joguinho do capeta! (Parte 1)

The Beginning

Já fazia algum tempo que eu queria aderir definitivamente a um novo hobby, os jogos de tabuleiro. Informei-me um bocado sobre o tema na internet, mas parecia-me sempre que a maior parte dos jogos disponíveis no mercado são importados e precisam ser comprados com cartão de crédito, duas coisas que me desagradavam bastante (eu costumo ser bastante desconfiado de compras pela internet). As exceções eram os jogos "infantis", alguns dos quais podem ser tão divertidos para adultos quanto para crianças se você não tiver pensamento pequeno, e podem ser encontrados em lojas de brinquedos até em cidades de interior(dependendo do jogo, porém), mas não havia nenhum me despertando interesse no momento. Será que eu estava fadado a permanecer somente com o War - Império Romano em minha coleção?

A "luz no fim do túnel" pareceu surgir para mim no site da Devir Livraria, onde eles mantém vendas de alguns jogos que eles importam e traduzem. Com pesar, percebi que a maioria deles extrapolava meu orçamento para o mês de março (existe um limite para o gasto com passatempos e etecéteras - é preciso ter prioridades na vida), exceto por Inferno - Batalhas do Abismo, que custava apenas R$37,50 e seria mandado até mim com frete grátis. Nada como comprar na promoção!

É claro que eu não sou burro. Já aprendi, em outras oportunidades, a fazer pesquisa aprofundada, antes de cair matando naquilo que pretendo comprar, para não levar gato por lebre. Meu problema, porém, é que não existia quase nada a respeito desse jogo na rede, exceto por alguns comentários positivos de gente que, de fato, não tinha experimentado verdadeiramente o jogo.

E agora? - perguntei-me. Encomendar ou não encomendar? Encomendei-o, e pouco mais de dez dias depois, lá estava ele, esperando no correio.




A Abertura da Caixa

Vamos abrir um parêntese aqui, para falar de experiência e espectativa.

Embora eu mesmo possuísse, até então, apenas War - Império Romano como jogo de tabuleiro, já há muito tempo que eu conheço jogos assim, e a quantidade que conheço é razoável: Banco Imobiliário, Combate, War 1 e 2, Batalha Naval, Classic Dungeon, Hero Quest, sem contar os mais tradicionais, damas, xadrez, ludo e por aí vai. Muitos outros jogos, ditos "modernos", eu conheci através da internet, que me deu a possibilidade de conhecer seus manuais de regras e visualizar seus componentes em fotos. Recentemente, também, tive a oportunidade de conhecer, ou pelo menos dar uma "passada de olhos" sobre alguns jogos modernos, na casa do Cássio, adepto fanático do hobby. Digamos, então, que eu me senti no direito de julgar aquilo que recebi com olhar crítico e analítico, e não posso deixar de afirmar que me desapontei com o que comprei.

Pra começo de conversa, Inferno vem em uma caixa de papelão de baixa qualidade (no máximo, média), e o material de que são feitas as peças, marcadores e relevos também não me pareceu grande coisa. O tabuleiro é nada mais do que um cartaz. Mas, levando em conta a época do jogo (1996) e a semelhança dos materiais com jogos como Hero Quest e Classic Dungeon, deixei essa passar. Ademais, pareceu-me que o preço estava justo, ainda. Contudo, a Devir Livraria traduziu apenas o livro de cenário do jogo e seu manual de regras, mas a caixa e os marcadores estão todos em inglês (e alemão, italiano, francês...). Não chega a ser um problema para mim, que leio em inglês com razoável facilidade, mas demonstra um pouco de desleixo, no meu entendimento. E pra fechar com chave de latão, o manual de regras me pareceu grotesco, mal diagramado, feio, com um papel ruim, algo que parecia ter sido feito por uma criança de 3 anos aprendendo a escrever (mas eu acredito que isso não deva ser culpa da Devir, o original também devia ser assim).

Por tudo isso, comecei a me sentir um tanto "ofendido" pela compra que realizei, sem ter a quem culpar, exceto por mim, mas resolvi dar uma chance ao jogo.

Comecei lendo o livro de cenário. E finalmente fiquei feliz com alguma coisa do jogo! Inferno foi baseado na obra máxima de Dante Alighieri, A Divina Comédia,  particularmente em seu primeiro tomo; um livro que eu já tive oportunidade de ler em várias versões de prosa e verso, e não me canso de considerar uma das mais fabulosas obras já produzidas na literatura. Ponto para o criador do jogo. A adaptação ficou bem feita, a narrativa é agradável e a descrição dos locais macabros onde são punidas as almas dos pecadores, assim como a história dos arquidemônios, usados como peças principais, definitivamente, dão um clima legal para o jogo. (Sinto que devo ressaltar aqui que sou cristão, mas não vejo problema algum em usar o inferno como temática para um jogo - se o homem não pudesse falar do inferno, ele não seria tão mencionado na Bíblia, não acham?) Com tudo isso, comecei a ter esperanças de que o jogo poderia ser algo divertido e cheio de adrenalina, para fazer justiça ao cenário e tema abordados.

E como vocês poderão ver, na continuação dessa "resenha crítica", eu estava enganado, de novo (pelo menos em parte...)


Nenhum comentário: