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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Kiths para Changelings Brasileiros - parte 1

Há muito tempo atrás, eu participei de um projeto que pretendia construir uma cenário completo do Mundo das Trevas no Brasil, dentro do Portal SpellBrasil. Parte do material que criei dizia respeito a Changelings.

Resumidamente falando, os Changelings do brasil seriam divididos entre os "Estrangeiros", vindos da Europa, os kiths básicos do jogo, e as Famílias Nativas. As Famílias de Changelings brasileiros são semelhantes, mas nem tanto, aos kiths Nunnehi norte-americanos(Changeling - Player's Guide): preferem o campo à cidade, tem grande afinidade pela natureza e pelo misticismo espiritual, são bastante raros nos tempos atuais e costumam ter relações hostis com os Kiths estrangeiros. Todavia, não é regra geral que sejam capazes de viajar para os Mundos Espirituais, nem têm qualquer relação com os Campos de Caça Sublimes.

Dividem-se em quatro Cortes, em vez das duas costumeiras, já que não têm relação com a cultura Celta. As cortes levam o nome da estações do ano e dos períodos de um dia: Manhã de Primavera, Tarde de Verão, Noite de Outono e Madrugada de Inverno. Pra facilitar as regras, cada personagem adota um Legado Seelie e outro Unseelie, exatamente como dita o livro básico. Todavia, sua Corte e sua história ditam o Legado prevalente: a Primavera é sempre Seelie, o Verão pode escolher (e costuma mudar, com os eventos e circunstâncias), Outono e Inverno são quase sempre Unseelie.

Aqui está um kith para exemplificar:




Anhanga


Os antigos índios temiam àquele que diziam ser o espírito do medo, dos pesadelos e das desgraças, que afligiam aos caçadores que abusavam de suas habilidades contra os filhotes de animais ou as fêmeas prenhes. O assombro com que relatavam os índios fez com que os padres que os catequizavam vissem a entidade Anhanga (pronúncia a-NHAN-ga) como o diabo.
A verdade não estava muito longe. É certo que a fauna das densas matas estavam sob sua proteção e isso fazia do Anhanga uma criatura respeitada. Mas seus métodos e postura eram cheios de perversidade, crueldade e sadismo.
Após a separação, que ocorreu com a chegada dos colonizadores, e a adoção dao Expediente Changeling, os Anhanga tomaram dois rumos: alguns ainda são reclusos, escondidos nas matas, onde protegem os animais dos caçadores maldosos e traficantes da fauna; outros se misturaram à civilização e seus modos e objetivos mudaram, tornando-se ainda mais assustadores.
Os Anhanga são grandes perseguidores de metas e o pragmatismo é uma de suas características marcantes. Em meio à sociedade mundana, estão em todas as classes sociais, mas preferem adotar modos e vestimentas simples. Os melhores entre eles protegem os fracos tanto quanto os assustam; os piores rivalizam com a ferocidade e horripilância dos Redcaps.

Infantes não aceitam as injustiças da sociedade mortal e os erros dos adultos. Perto deles, nem mesmo um Saci ousaria maltratar sequer um bichano. Estouvados podem ser heróis idealistas, ecoterroristas ou assassinos sem escrúpulos. Rezingões demonstram valentia e ira guardada ao longo dos anos.

Aparência: na forma humana, podem pertencer a qualquer etnia e sexo, vestem-se de todos os modos e costumam ter compleição física mediana. Na forma feérica, são brancos na pele, exceto no pescoço e rosto, que são vermelhos. Suas cabeças são bastante peludas e possuem chifres galhados, como de veados. Seus olhos são flamejantes e uma aura de pavor os rodeia.
Afinidade: Natureza.

Direitos Inatos:
Forma Primordial: com o gasto de 1 Glamour, quando longe de qualquer pessoa ou ser sobrenatural, mesmo encantados, o Anhanga pode assumir a forma de um grande cervo, com pêlos brancos no tronco e patas e vermelhos no pescoço e cabeça. Nesta forma, tem Força+1, Destreza+2, Vigor+1, Manipulação 0, Aparência-1.
Se puder usar seus chifres para atacar (teste Destreza + Briga, dificuldade 6), causa Força+1 dados de dano Letal; se puder correr para tomar impulso, seus chifres flamejarão e o dano será de Força+2 dados de dano Agravado. A transformação não inclui as roupas e só pode ser feita à noite. A reversão é livre (sem custo em glamour) ou ocorre automaticamente ao amanhecer.

Face Hedionda: Mortais e animais encantados e seres sobrenaturais capazes de interagir com o mundo quimérico temem a visão e a aura pavorosa dos Anhanga. Para eles, a Aparência do Anhanga traduz o quanto ele é assustador (mais pontos em Aparência, mais assustador). O anhanga pode causar pavor, de forma semelhante aos Redcaps, intencionalmente, com um teste de Aparência + Intimidação (dif.5). Uma rolagem resistida de Força de Vontade (dificuldade igual à Força de Vontade do próprio Anhanga) pode ser usada para evitar o pânico, mas o personagem não deixa de se sentir ameaçado, em perigo. Objetos, quimeras inanimadas, Redcaps e outros Anhangas são automaticamente bem sucedidos em não sentir o pânico.

Anhangas jamais sofrem falhas críticas em testes de Intimidação.

Fraquezas:
Anhangas não apreciam cruzes, estátuas de santos e outros símbolos religiosos. Na proximidade desses símbolos, ganham 1 ponto temporário de Banalidade para cada 3 minutos. Se alguém desejar expulsá-los usando desses símbolos, mesmo um ateu, o anhanga deve testar Força de vontade ou fugirá em pânico. Atacado por uma cruz, o Anhanga ganha 1 ponto temporário de banalidade e perde 1 ponto de Glamour para cada golpe, além de sofrer o dano (caso seja uma cruz pesada...).
Anhangas têm dificuldade para interagir com outros Changelings e sua sociedade, sendo reconhecidos por seus modos infames. Exceto para Intimidação, têm +1 de dificuldade em testes sociais.

Mote:
Você se sente feliz e todo viril com a essa potente espingarda de caça na mão, não é mesmo, mortal? Pois se prepare para descobrir o que o Inferno reserva para os caçadores de espécies em extinção... aliás, você vai rezar para ir pra lá, até que eu acabe com você...

A versão brasileira de Changeling - The Dreaming ( C - O Sonhar)




É impossível não notar alguns erros ou termos inapropriados da versão brasileira de Changeling The Dreaming. Muito termos são tão obscuros, desajustados ou estúpidos que se tornaram lendários em muitos fóruns dedicados ao tema; outros parecem ter sido apenas má interpretação do contexto do jogo ou falta de "tino" para a sonoridade das palavras por parte do tradutor.

Alguns jogadores adotam suas próprias traduções para termos que a Devir desmereceu, outros catam traduções na net e a maioria faz um misto dessas práticas.

Mas traduções erradas ou inadequadas para os termos próprios do cenário de jogo ou de suas regras são apenas alguns erros dessa versão. Por isso, resolvi apontar os erros que percebi, comparando a versão brasileira impressa com um scan em pdf, preto e branco, da versão americana.

Vale dizer que isso não torna o livro menos do que deve ser. O trabalho gráfico, em sua maior parte, esbanja cuidado e o entendimento de regras e do cenário, no que é mais importante, não se perde. Além disso, o trecho "Um Prefácio Banal" é uma brilhante demonstração de algo que foi feito com esmero, embora também com grande dificuldade. De fato, o livro merece uma nota alta de avaliação, mesmo que dê margens a piadas, discussões e críticas severas ainda por toda uma eternidade...

Para mim, que só conhecia o scan em preto e branco, ter o livro colorido nas minhas mãos, com suas cores quase reluzentes, foi algo bem gratificante, e isso é uma coisa bastante glamorosa ao meu ver.

*****
O GLOSSÁRIO E A ESCOLHA DE TERMOS

O glossário tem na palavra "Alçadas" um erro, onde são contadas apenas cinco, mas esse erro já existia na versão americana. Isso deve, com certeza, ao fato de que existiam apenas cinco realms na primeira edição de Changeling, o que o autor da segunda edição deve ter esquecido de diferenciar... Aliás, vale dizer que a tradução de REALMS para ALÇADAS ficou estranha, já que REALM é, literalmente, REINO.

O termo PENHOR me parece estranho para OATHBOUND (seria algo como "ligação de juramento"), mas vi dizer em algum lugar da net que tem algo a ver com as tradições medievais, como nos contam os "primos" linguísticos lusitanos... Por outro lado, PETA (para BUNK) foi uma escolha terrível, falta de conhecimento mesmo! Todo mundo já sabe que isso é uma gíria, notadamente paulista (mas já conhecida por jogadores de Changeling no Brasil todo) para sexo oral, embora também tenha significado de mentira, engodo ou algo do tipo. Na tradição oral brasileira, principalmente relacionando-se às brincadeiras infantis, "pagar uma Prenda" é mais conhecido que "contar uma Peta" e isso já foi dito por muitos. Portanto, Bunk deveria ser traduzido como Prenda (mesmo que prenda, no estado do RS, seja também a "moça", como forma tradicional, mas mesmo nós gaúchos entendemos os dois sentidos da palavra sem problemas).

Eu queria saber o que é MIXÓRDIA... A original era MOTLEY, e acho que, pelo que se fala da tradição circense e errante dos plebeus no período do Interregno, poderia ser traduzida como Trupe.

A original COVEY, que foi traduzida por NINHADA, teria ficado melhor como BANDO, embora também se refira a animais em outras definições (nisso, eu utilizei a Ferramenta de idiomas do Google).

CREPUSCO parece ser uma palavra escrita errada, mas a original CREPUSC sequer tem tradução direta do inglês para o português. Não sei muito o que dizer disso, mas espero ter resolvido a dúvida de qualquer um que tenha achado que aqui deveria estar a palavra "Crepúsculo".


Em outras partes do livro, também encontram-se palavras estranhas, mal traduzidas ou inapropriadas. "A guerra da Harmonia" bem poderia ser "A guerra do Acordo"; a "Dança Onírica" poderia ser "Dança dos Sonhos" (a mim, ao menos, soa melhor).

CONJURAÇÕES não tem nada a ver com OATHCIRCLES (Círculos de Juramentos), mas fica bem legal, se você pára pra pensar e se acostuma com a idéia... O mesmo vale para REDEVANCES (embora eu não tenha encontrado o significado dessa palavra... pelo menos, soa legal), que traduz ESCHEAT. Já LIA, tradução para DROSS, além de estranho, não significa nada nos dicionários que consultei... DROSS seria traduzida para entulho, mas também ficaria feio.

A maior parte das palavras que se mantiveram no original ficaram boas do jeito que estão: kin, kinain, kith, kithain, gallain, Fior, etc. Uma pena que não aconteceu o mesmo à CORBY, que seria um bando de redcaps, e virou VULTUR (referência a urubu/abutre?... estranho...).

BIRTHRIGHTS soaria melhor, e seria mais prático, como HERANÇAS, e não como ficou, DIREITOS INATOS. O termo OBSÉQUIO para o BOON das casas soa esquisito e não tem nada ver; poderíamos usar DÁDIVA, como outros por aí já utilizam; e BANE ficaria ótima como PERDIÇÃO ou DESGRAÇA, não DEFEITO.

Para os nomes das Artes e seus Truques, fica difícil ter uma opinião certa. A tradução está boa, mas nem tudo soa agradável aos ouvidos... Por falar em Artes, o ícone que representa a Arte Chicana está lá no fim das regras para as Artes... pergunto-me como foi parar lá! Vai ver,  é porque a Devir tentou manter as Artes em ordem alfabética no português (como acontecia no inglês), e isso resultou em confusão. Ou um pooka muito travesso (redundância?) estragou tudo! hehehe.






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O nome do kith EXU aparece todo estranho, com dois tipos de letras sobrepostos, fica até confuso pra ler... isso não acontece no original, e me pergunto qual foi o problema da Devir com a palavra perder o SH e ganhar um X no lugar...

Outro trecho que notei ter um erro é o Mote dos Redcaps, que se encontra incompleto, pra não dizer cortado. Vai aí a tradução total:

"Você está tentando começar algo comigo? Pode começar, punk! Heh, heh, heh! Eu vou pintar as paredes com o seu sangue!"

Por fim, a ficha tem um quase insignificante erro no cabeçalho, onde Crônica e Corte não estão bem tabuladas. Mas isso não dificulta o preenchimento da ficha.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Retorno

Levou algum tempo, mas eu voltei a olhar por esse blog... apaguei alguns posts, corrigi outros, desfiz os links para coisas que estavam sumidas na net... enfim, o Blog está como novo.

Espero que progrida dessa vez!

O Reino de Espadas

Este é um jogo de cartas - uma espécie de estilização do jogo de Truco, com uma temática de fantasia medieval - que criei há algum tempo.

O Reino de Espadas

Espero que gostem da idéia.

Link do Dragão

Esta pasta do 4shared contém o material de "Dragão - O Renascer", suplemento para a série Storyteller que criei anos atrás. Com o tempo, vou encher esta pasta com outros conteúdos também.

Dragão - O Renascer

As regras foram baseadas numa estranha mistura do sistema Storyteller da 2ª e 3ª edições. Isso levou o módulo básico a ficar um pouco confuso, mas o suplemento "Irmandade Draconiana" está bastante satisfatório e esclarecedor nesse sentido. Espero que os visitantes postem comentários sobre o jogo.