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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A versão brasileira de Changeling - The Dreaming ( C - O Sonhar)




É impossível não notar alguns erros ou termos inapropriados da versão brasileira de Changeling The Dreaming. Muito termos são tão obscuros, desajustados ou estúpidos que se tornaram lendários em muitos fóruns dedicados ao tema; outros parecem ter sido apenas má interpretação do contexto do jogo ou falta de "tino" para a sonoridade das palavras por parte do tradutor.

Alguns jogadores adotam suas próprias traduções para termos que a Devir desmereceu, outros catam traduções na net e a maioria faz um misto dessas práticas.

Mas traduções erradas ou inadequadas para os termos próprios do cenário de jogo ou de suas regras são apenas alguns erros dessa versão. Por isso, resolvi apontar os erros que percebi, comparando a versão brasileira impressa com um scan em pdf, preto e branco, da versão americana.

Vale dizer que isso não torna o livro menos do que deve ser. O trabalho gráfico, em sua maior parte, esbanja cuidado e o entendimento de regras e do cenário, no que é mais importante, não se perde. Além disso, o trecho "Um Prefácio Banal" é uma brilhante demonstração de algo que foi feito com esmero, embora também com grande dificuldade. De fato, o livro merece uma nota alta de avaliação, mesmo que dê margens a piadas, discussões e críticas severas ainda por toda uma eternidade...

Para mim, que só conhecia o scan em preto e branco, ter o livro colorido nas minhas mãos, com suas cores quase reluzentes, foi algo bem gratificante, e isso é uma coisa bastante glamorosa ao meu ver.

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O GLOSSÁRIO E A ESCOLHA DE TERMOS

O glossário tem na palavra "Alçadas" um erro, onde são contadas apenas cinco, mas esse erro já existia na versão americana. Isso deve, com certeza, ao fato de que existiam apenas cinco realms na primeira edição de Changeling, o que o autor da segunda edição deve ter esquecido de diferenciar... Aliás, vale dizer que a tradução de REALMS para ALÇADAS ficou estranha, já que REALM é, literalmente, REINO.

O termo PENHOR me parece estranho para OATHBOUND (seria algo como "ligação de juramento"), mas vi dizer em algum lugar da net que tem algo a ver com as tradições medievais, como nos contam os "primos" linguísticos lusitanos... Por outro lado, PETA (para BUNK) foi uma escolha terrível, falta de conhecimento mesmo! Todo mundo já sabe que isso é uma gíria, notadamente paulista (mas já conhecida por jogadores de Changeling no Brasil todo) para sexo oral, embora também tenha significado de mentira, engodo ou algo do tipo. Na tradição oral brasileira, principalmente relacionando-se às brincadeiras infantis, "pagar uma Prenda" é mais conhecido que "contar uma Peta" e isso já foi dito por muitos. Portanto, Bunk deveria ser traduzido como Prenda (mesmo que prenda, no estado do RS, seja também a "moça", como forma tradicional, mas mesmo nós gaúchos entendemos os dois sentidos da palavra sem problemas).

Eu queria saber o que é MIXÓRDIA... A original era MOTLEY, e acho que, pelo que se fala da tradição circense e errante dos plebeus no período do Interregno, poderia ser traduzida como Trupe.

A original COVEY, que foi traduzida por NINHADA, teria ficado melhor como BANDO, embora também se refira a animais em outras definições (nisso, eu utilizei a Ferramenta de idiomas do Google).

CREPUSCO parece ser uma palavra escrita errada, mas a original CREPUSC sequer tem tradução direta do inglês para o português. Não sei muito o que dizer disso, mas espero ter resolvido a dúvida de qualquer um que tenha achado que aqui deveria estar a palavra "Crepúsculo".


Em outras partes do livro, também encontram-se palavras estranhas, mal traduzidas ou inapropriadas. "A guerra da Harmonia" bem poderia ser "A guerra do Acordo"; a "Dança Onírica" poderia ser "Dança dos Sonhos" (a mim, ao menos, soa melhor).

CONJURAÇÕES não tem nada a ver com OATHCIRCLES (Círculos de Juramentos), mas fica bem legal, se você pára pra pensar e se acostuma com a idéia... O mesmo vale para REDEVANCES (embora eu não tenha encontrado o significado dessa palavra... pelo menos, soa legal), que traduz ESCHEAT. Já LIA, tradução para DROSS, além de estranho, não significa nada nos dicionários que consultei... DROSS seria traduzida para entulho, mas também ficaria feio.

A maior parte das palavras que se mantiveram no original ficaram boas do jeito que estão: kin, kinain, kith, kithain, gallain, Fior, etc. Uma pena que não aconteceu o mesmo à CORBY, que seria um bando de redcaps, e virou VULTUR (referência a urubu/abutre?... estranho...).

BIRTHRIGHTS soaria melhor, e seria mais prático, como HERANÇAS, e não como ficou, DIREITOS INATOS. O termo OBSÉQUIO para o BOON das casas soa esquisito e não tem nada ver; poderíamos usar DÁDIVA, como outros por aí já utilizam; e BANE ficaria ótima como PERDIÇÃO ou DESGRAÇA, não DEFEITO.

Para os nomes das Artes e seus Truques, fica difícil ter uma opinião certa. A tradução está boa, mas nem tudo soa agradável aos ouvidos... Por falar em Artes, o ícone que representa a Arte Chicana está lá no fim das regras para as Artes... pergunto-me como foi parar lá! Vai ver,  é porque a Devir tentou manter as Artes em ordem alfabética no português (como acontecia no inglês), e isso resultou em confusão. Ou um pooka muito travesso (redundância?) estragou tudo! hehehe.






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O nome do kith EXU aparece todo estranho, com dois tipos de letras sobrepostos, fica até confuso pra ler... isso não acontece no original, e me pergunto qual foi o problema da Devir com a palavra perder o SH e ganhar um X no lugar...

Outro trecho que notei ter um erro é o Mote dos Redcaps, que se encontra incompleto, pra não dizer cortado. Vai aí a tradução total:

"Você está tentando começar algo comigo? Pode começar, punk! Heh, heh, heh! Eu vou pintar as paredes com o seu sangue!"

Por fim, a ficha tem um quase insignificante erro no cabeçalho, onde Crônica e Corte não estão bem tabuladas. Mas isso não dificulta o preenchimento da ficha.


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